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Empreender na Comunidade: inovação e transformação nas periferias

Empreender na comunidade: Periferia, com uma mulher negra em frente à sua mercearia local de frutas e verduras, simbolizando o empreendedorismo que fortalece a economia e o orgulho da comunidade.

Empreender na comunidade periférica não é apenas abrir um negócio, mas também se propor a transformar uma realidade desafiadora, abrir novos caminhos e ressignificar espaços. 

O acesso a oportunidades é muitas vezes limitado para pessoas que habitam as comunidades, por mais que estas representem uma grande parte da sociedade brasileira: no Censo 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram identificadas 12.348 favelas e comunidades urbanas no Brasil. Logo, 8,1% da população se encontra vivendo nesses locais, que equivale a cerca de 16,4 milhões de habitantes.

O empreendedorismo nas periferias é mais do que uma alternativa à possível falta de emprego formal, mas também uma forma de resistência, reafirmação cultural e potência transformadora. 

Neste artigo, a FUNAFRO te ajuda a entender a importância de empreender na comunidade, conhecer as possibilidades existentes e como aplicar esse movimento na prática.

Entre o desafio e a oportunidade

Os bares, salões de beleza, quitandas, oficinas e vendedores ambulantes mostram que empreender na comunidade é sim possível. Dessa forma, essa atitude fortalece vínculos, provoca a sensação de pertencimento, trabalha a criatividade e revela inúmeras oportunidades econômicas que muitas vezes são ofuscadas e esquecidas. 

Do ponto de vista econômico, esses negócios trazem diversos resultados positivos para o cenário: maior circulação da renda, autonomia financeira, geração de empregos locais, entre outros. 

Além disso, é possível integrar valores culturais e identitários locais, transformando o ato de empreender, também, em um movimento coletivo e comunitário.  

Cinco motivos para empreender na comunidade

Existem muitas razões para abrir um negócio em bairros periféricos, como por exemplo:

  • Geração de autonomia e independência — empreender é criar o próprio caminho, gerar renda e fazer o dinheiro circular dentro da comunidade;
  • Potencial clientela, já que é comum os habitantes viverem muitos anos no mesmo bairro, e possivelmente se conhecerem. Assim, a confiança se torna uma base sólida para o sucesso;
  • Conhecimento dos empreendedores sobre as necessidades reais daqueles que habitam o espaço — isso se torna um diferencial;
  • Proximidade, sem a necessidade de se locomover para os centros urbanos;
  • Visibilidade à periferia e quebra de estigmas.

Aplicando o empreendedorismo nas periferias

Para começar um negócio, deve-se tomar atenção em alguns pontos. O planejamento deve ser realizado de forma detalhada e o plano financeiro deve ser feito com cuidado. Além disso, dedicar parte das finanças pessoais a isso e estudar bem a área que se deseja empreender são parte fundamental do processo. 

Analisar a concorrência pode fazer seu negócio se sobressair na região. Podem existir setores com pouca concorrência no local, ou até que ainda não existam. Por isso, atente-se a quais são os produtos e serviços que os habitantes mais precisam ou sentem falta. 

Escolha de qual negócio abrir

Empreender na comunidade também vem com a responsabilidade de atender as necessidades locais e considerar os impactos econômicos e sociais. Veja algumas ideias que podem funcionar bem em bairros periféricos:

  • Restaurantes e negócios alimentares: trata-se de um setor sempre requisitado, independente da região. Alguns exemplos são lanchonetes, food trucks, preparação de marmitas, delivery, hamburguerias, sacolões e outros. 
  • Artesanato: produtos confeccionados à mão, com bolsas, vasos, bijuterias e decorações.
  • Roupas: venda de roupas e acessórios, sejam confeccionados em primeira mão ou revendidos em brechós.
  • Suporte técnico: manutenção de TVs, computadores e outros.
  • Estética: manicure/pedicure, salões de cabelo, depilação, barbearias.
  • Produtos naturais: cosméticos e produtos de higiene feitos de forma artesanal, sem processamento industrial.
  • Cuidados com animais: serviços de banho e tosa, ou até passeios e supervisão de pets.
  • Arte: a arte urbana, tão presente em muitas periferias, pode se tornar uma fonte rentável; com grafite, murais, quadros, pinturas e workshops.

Projeto Favela Galeria — Galeria de arte a céu aberto

Um exemplo da arte como forma de negócio é o projeto Favela Galeria na Vila Flávia, no bairro São Mateus, na zona leste de São Paulo. 

A arte nas paredes, portões e muros do bairro somam 3 km de exposição. Ademais, o projeto também conta com oficinas para os moradores da comunidade. 

A Favela Galeria mostra que empreender na comunidade é um leque de possibilidades, e a criatividade é essencial para alavancar um projeto e o diferenciar dos demais.

Obstáculos para empreender na comunidade

Apesar do potencial, existem muitos desafios que devem ser enfrentados ao começar um negócio na periferia, entre eles: 

  • Escassez de infraestrutura;
  • Falta de crédito acessível;
  • Insegurança pública;
  • Burocracia;
  • Ausência de políticas públicas;
  • Preconceito e falta de visibilidade externa.

Mesmo diante das dificuldades sistêmicas, empreender na comunidade continua sendo uma alternativa real para vencer essas barreiras e fazer seu negócio crescer. Nesse contexto, incentivar projetos locais pode ser essencial para transformar obstáculos em oportunidades e degraus para um maior desenvolvimento.

Empreender na comunidade — um ato de resistência e futuro

Ser empreendedor na comunidade não é apenas encontrar fontes rentáveis, mas também é um ato de resistência cotidiana e protagonismo. É mostrar que, mesmo diante da desigualdade social estrutural, os habitantes podem encontrar suas maneiras de dar a volta por cima, criar novos cenários e transformar condições de vida.

Incentivar, reconhecer e apoiar o empreendedorismo na periferia é uma potência transformadora, tanto no âmbito econômico quanto no social e cultural. Cada sonho, ideia e negócio que nascem ao empreender na comunidade representam um avanço em direção a uma realidade mais justa, promissora e coletiva.

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