Ebony e a excelência na “KM2 A TOUR”. A performance e comprometimento que acrescentam no cenário do rap nacional.
Cortinas vermelhas se abrem e revelam um telão com uma placa projetada ao fundo. A música KM2 começa e a placa se aproxima da plateia, até ficar totalmente legível: “Bem-vindos a Queimados”. Em êxtase o público acompanha a letra, ansioso pelo começo do show. Várias mãos para cima seguram celulares gravando o momento. A música chegava quase no fim quando, ao som dos versos “Baixada é cruel”, uma figura caminha lentamente pelo palco de cabeça baixa. Ela está vestida de freira, totalmente de branco. A plateia vibra. A figura chega no meio do palco, ainda de cabeça baixa. Todos sabem quem ela é.
No momento em que Ebony levanta o rosto, um holofote a ilumina, e uma luz vermelho vivo irrompe no palco. Duas dançarinas se posicionam entre a rapper, enquanto o som começa a mudar.
Agora, a intro de “Parte do Mundo” invade a Casa Natura Musical, e a voz da cantora é acompanhada pelas vozes animadas do público. Assim inicia o primeiro show da turnê “KM2 A TOUR”, de um dos grandes nomes do rap nacional atualmente: Milena Pinto de Oliveira, vulgo Ebony.
Nascida e criada no município de Queimados no Rio de Janeiro, Ebony faz parte da cena do rap desde os 19 anos. Junto com mulheres como Duquesa e AJULIACOSTA, a artista faz parte da nova geração de mulheres rappers no Brasil. Aos 25 anos, a cantora debuta sua primeira turnê, iniciada no dia 11 de setembro em São Paulo.
Com músicas envolventes, visuais que conversam com o show, e uma presença de palco forte, a rapper entrega um espetáculo memorável para os fãs. Ela traz uma excelência que a destaca. Em uma hora e meia de apresentação, Ebony desperta diversos sentimentos, e mostra o porquê é uma promessa na cena do rap.
A performance de “Não Lembro da Minha Infância” revela um momento mais sensível e intimista do show. Sentada em um banquinho, a rapper canta sobre as inseguranças e medos que carrega desde a infância. A iluminação acompanha, e o palco é tomado pelas cores azul e roxo, reforçando a letra mais introspectiva e reflexiva.
De contraponto, a apresentação do single “Espero Que Entendam” é extremamente frenética, e manifesta um momento de denúncia. Lançada em 2023, a música é classificada como uma “diss track”. A letra denuncia a diferença de tratamento das mulheres e homens na cena do rap nacional. No show, o telão projeta imagens da cantora em cores diferentes e que mudam de forma rápida, como se estivessem piscando. O visual combina com a batida veloz da música. A plateia canta com a rapper a plenos pulmões “Eles vão ter que engolir a vitória da Ebony”.
No final do espetáculo, a artista faz um discurso antes de cantar a última música. Ela pede para que as pessoas se conectem com seu íntimo, em uma espécie de culto a si próprio. “Repitam comigo: eu me sinto extraordinária!”, e assim o público faz. Até que as luzes se apagam, e um solo de guitarra inusitado introduz “Extraordinária”.







